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quinta-feira, março 29, 2007

Entrevista ao Semanário "Motor"

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Motor (M): Presentes na organização e apoio a mais uma edição do Rali de Famalicão, quais são as perspectivas da Câmara Municipal para a edição deste ano?

Jorge Paulo Oliveira (JPO): Há imagem das anteriores edições, estamos profundamente convictos que o Rally de Famalicão 2007, será seguramente um evento de grande animação desportiva e social. Tudo fizemos para que esta prova, pontuável para o Campeonato Regional de Ralis Norte, contando ainda com uma Prova Extra, tenha tudo quanto uma prova de ralis necessita. Boa qualidade e quantidade de pilotos, uma boa organização como já nos habituou a Secção de Desportos Motorizados do Futebol Clube do Porto e excelentes pisos. Se o bom tempo se mantiver, não temos dúvidas em afirmar que, vamos ter uma prova muito competitiva, com muita espectacularidade e, inevitavelmente, com muito público a acompanhar. Mesmo correndo o risco de sermos acusados de natural bairrismo, ousamos afirmar que iremos fazer inveja a algumas provas pontuáveis para o nacional.

M: A edilidade acredita que este Rali é uma forma de trazer mais visibilidade para a localidade e para as ofertas turísticas, e não só, que Famalicão possui?

JPO: Sem dúvida. A Política de Turismo que delineamos para o Município e que estamos cuidadosamente a executar, assenta em três sectores fundamentais. A nossa diversificada oferta cultural, a riqueza gastronómica da região e do nosso concelho e, finalmente, esse grande invento que se chama Automóvel.
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Temos boas razões para apostar neste segmento. Os famalicenses são, aliás como as gentes do norte, apaixonados pelos automóveis e pelo desporto automóvel, somos provavelmente o município com maior número de pilotos “per capita” inscritos na FPAK, disputando diferentes categorias e escalões do automobilismo nacional, temos entre nós alguns dos maiores coleccionadores privados de automóveis antigos e clássicos de Portugal e ocupamos um lugar de realce na história do automóvel e do desporto automóvel em Portugal.
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É sempre bom recordar que a “Berliet”, uma das primeiras representações nacionais de automóveis instalou-se no nosso concelho em 1919, que daqui partiu em 1933, ao volante de um Citroen C-6, o famalicense António Dias Costa, naquela que foi a primeira equipa lusitana a participar no mítico Rally de Monte Carlo, que aqui nasceu em 1946, a MABOR, a primeira fábrica de pneus em Portugal, e que a esta mesma empresa se deve, a criação em 1972 do “Troféu Mabor”, o primeiro Troféu Nacional inserido no Campeonato Nacional de Ralis e precursor de tantos outros.
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É sempre bom recordar que o primeiro Rali de Famalicão foi para a estrada em 1933, 22 anos antes do aparecimento do campeonato nacional e que Vila Nova de Famalicão, na década de 70, foi palco de quatro provas pontuáveis para o Campeonato Nacional de Rallyes.

M: Que repercussões este evento tem tido a nível do turismo na região?

JPO: É a soma de vários eventos em diferentes áreas, de que o Rallye de Famalicão é apenas um exemplo, e de outras realidades concelhias que, em conjunto, se revelam capazes de produzirem efeitos positivos no turismo da região e num concelho que não possui atractivos turísticos como praia, centro histórico ou um vasto conjunto de monumentos nacionais. É esta conjugação de factores que reflecte as visitas de turistas ao nosso concelho e respectivos ganhos sobretudo ao nível da restauração e hotelaria. Naturalmente que não estamos ao nível dos grandes destinos turísticos do país.

M: De que forma é que a imagem do concelho e da própria autarquia é beneficiada com o a organização desta actividade?

JPO: Uma autarquia não é apenas avaliada pelas grandes obras que realiza, ou pelo número de investimentos em múltiplas infra-estruturas que disponibiliza. Os municípios são também avaliados, e são-no cada vez em maior grau, pelas iniciativas que prossegue em termos de protecção do meio ambiente, na formação e educação das suas crianças e jovens, no acesso à cultura, ao conhecimento e ao saber e na oferta desportiva que possui. Esta prova e o seu passado contribui, na sua devida proporção, para o desenvolvimento sustentável de Vila Nova de Famalicão.

M: A realização deste tipo de eventos implica sempre gastos e investimentos elevados. A Câmara Municipal de Famalicão tem participado activamente neste lado da organização? E a nível de infraestruturas, a edilidade fez algum investimento em especial para esta edição do Rali?

JPO: Ao longo das dezoito edições deste Rallye, a Câmara Municipal tem sido um parceiro privilegiado da organização deste evento desportivo, numa parceria que tem implicado apoios diversos. Além do habitual patrocínio financeiro a autarquia disponibiliza os seus espaços públicos e edificados, telefones, fax, fotocopiadoras, Internet, procede à vedação dos parques fechados e de assistência e montagem de palcos e de tribunas, ajuda na divulgação da prova, assume os custos com a aquisição dos troféus, licencia a prova com a respectiva isenção de taxas, afecta gratuitamente os seus agentes da policia municipal e outros recursos humanos de vários serviços camarários e, por fim, procede à preparação dos troços. Tudo custos que valem a pena, mas que não podem ser considerados despiciendos, porque efectivamente não o são.
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Para a edição 2007 não fizemos nenhum investimento especial, mas procuramos melhorar em três aspectos. Melhoramos a divulgação do evento, transferimos para o centro da cidade, o parque fechado de partida e afectamos mais homens e máquinas ao tratamento dos troços das especiais de classificação, preparação que este ano foi feita com uma maior antecedência em termos comparativos com os anos anteriores.

M: Que balanço se pode fazer dos anos de actividade do Rallye?

JPO: Sinceramente, julgo que ao fim de todos estes anos o balanço tem de ser necessariamente positivo. Todos quanto tem assistido ou participado nesta prova, reconhece o empenho e a dedicação, quer da organização, quer dos patrocinadores oficiais, que ano após ano tem conseguido fazer deste rallye uma prova que se torna cada vez mais competitiva e que atrai cada vez mais público. No palmarés desta prova, constam inúmeros campeões regionais e mesmo nacionais do automobilismo português, de que são exemplo José Carlos Macedo, Adruzilo Lopes, Victor Lopes e o conhecido famalicense Miguel Campos. Não menos importante é o facto desta prova, servir em elevadíssimo número, de iniciação a vários pilotos e navegadores famalicenses e não só, com carreiras assinaladas por sucessos significativos.

Quais os projectos que têm para o futuro em relação ao rali e a outros desportos motorizados?

JPO: A Câmara Municipal, no âmbito da sua politica desportiva, tem norteado a sua acção assente em diferentes eixos prioritários. Entre eles merece destaque a promoção e o apoio à realização de eventos desportivos de interesse público, que possam ir de encontro às diferentes aptidões e gostos desportivos dos famalicenses, cobrindo a maior diversidade possível das modalidades. Nessa medida os projectos que temos em relação ao rallye e a outros desportos motorizados, não pode pôr em causa as outras modalidades desportivas, sobretudo num tempo em o país atravessa graves restrições financeiras.
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Não obstante o que referi estamos apostados em manter nos respectivos calendários, nacional e regional, as provas que já se organizam no concelho, nomeadamente, o Rallye de Vila Nova de Famalicão, as provas de Kartcross e Autocross e o Campeonato Nacional de Supercross e de Trial Indoor . Julgamos que mais importante que ter novos eventos do desporto motorizado no concelho é manter aqueles que já detemos, melhorando-os sempre que possível ao nível organizativo, competitivo e como factor de atracção de mais público.
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A 2ª edição da Super Especial de Vila Nova de Famalicão, é o próximo grande evento das quatro rodas. Depois do sucesso alcançado o ano passado, que atraiu milhares de pessoas à cidade, reunindo oito dezenas de várias gerações e carros de campeonatos muito diversos, queremos que esta grande prova se afirme no contexto nacional, dignificando por essa via o passado e prestigiando o futuro do desporto motorizado neste concelho.
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Relativamente ao Rallye de Vila Nova de Famalicão, não escondemos que gostaríamos que o mesmo passasse a deter um estatuto superior àquele que actualmente possui. Seria importante para o concelho, mas também para o próprio desporto automóvel que esta prova integrasse o calendário do novel Campeonato Open de Ralis. Se a oportunidade surgir não vamos perder a oportunidade.

M: Que mensagem gostariam de deixar a todos os leitores do Motor?

JPO: Não perca a oportunidade de visitar esta terra do Baixo Minho, de provar a nossa rica e gostosa gastronomia, de visitar a Casa das Artes, a Casa-Museu e o Parque Temático de Camilo Castelo Branco, o Museu do Automóvel Antigo e Clássico, e tantos outros como o da Industria Têxtil e Bernardino Machado, as Fundações Cupertino de Miranda e Castro Alves. Tenha a curiosidade de conhecer e de viver a alegria e a animação das nossas ruas e praças nas Festas Antoninas, na noite de Carnaval ou na Festa do Artesanato e da Gastronomia. Não faltam motivos de interesse. Seja curioso, não vai arrepender-se.


OBS: Entrevista concedida ao semanário "Motor", edição de 27 de Março de 2007.

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