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terça-feira, novembro 22, 2005

II Simpósio de Marketing Farmacêutico

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Jorge Paulo Oliveira, presidiu à sessão de abertura do II Simpósio Marketing Farmacêutico. O evento que se realizou na manhã de hoje, no Auditório da Casa das Artes, foi promovido pelos alunos do Curso de Marketing Farmacêutico, do Instituto Politécnico Saúde do Norte (Escola Superior de Saúde do Vale do Ave).
Excertos da Intervenção (não escrita)
Não sou uma pessoa autorizada para abordar esta temática. Não possuo qualquer formação académica na área, nem detenho qualquer experiência ou conhecimento específico do sector. Julgo, contudo, que como cidadão e autarca, me é legitimo tecer algumas considerações sobre o tema, ainda que daí possa resultar a transmissão de uma visão insuficientemente sustentada. É hoje indiscutível o peso e a importância que a Indústria Farmacêutica tem na economia e na população portuguesa.Tratando-se de uma actividade industrial, se é verdade que a sua componente produção, não pode ser dissociada da componente investigação, também não deixa de ser menos verdade que não pode ser esquecida a vertente promoção, nela se incluindo as estratégias de publicidade, divulgação e marketing associadas à introdução ou relançamento de medicamentos no mercado. A questão que o cidadão comum, no entanto coloca, é simples: Será legítima, será indispensável a promoção de medicamentos? A resposta só pode ser positiva. Por variadíssimas razões, o Marketing Farmacêutico é legítimo, é indispensável. Desde logo, porque não nos podemos esquecer que, nenhuma outra entidade, seja pública, privada ou académica, pode substituir o interessado. É este quem melhor conhece o produto e maior interesse tem em o promover. Temos de ter consciência que vivemos numa sociedade de comunicação. Numa sociedade curiosa e melhor informada. Nesta sociedade todos os doentes se convertem em consumidores de produtos médicos, adquirindo por essa via um maior conhecimento do sector. É, assim, natural que as empresas farmacêuticas, se preocupem cada vez mais em cuidar da sua imagem pública, fazendo uso das potencialidades dos meios de comunicação profissionais. Finalmente, não podemos olvidar as profundas alterações operadas na sociedade portuguesa. Nas mentalidades e concomitantemente nos planos político e legislativo. Veja-se o crescimento da automedicação. Veja-se a evolução do conceito de “saúde/doença” simbolizado, por exemplo, nos nossos centros de saúde, para o conceito de “saúde/bem estar”, expresso, por exemplo, no ambiente da farmácia. Vejam-se as tendências do consumo contemporâneo, que tornaram cada vez mais importante a quota de mercado dos medicamentos não prescritos e de outros produtos de despensa na farmácia. Veja-se a reforma da Política do Medicamento, com um novo sistema de comparticipação subsumido ao preço de referência, o novo modelo de receita médica, a promoção do mercado de genéricos, etc. Atente-se na entrada dos privados no sector da prestação de cuidados de saúde. Atente-se no crescimento exponencial, diria mesmo, na proliferação de seguros a que assistimos na mudança do século, em Portugal. Mais seguros de saúde trazem consigo, como sucedeu anteriormente noutros mercados, mais prestadores privados de cuidados de saúde. Atente-se na lógica de competição instalada entre as próprias unidades do Estado, onde 50% do sector hospitalar público assumiu já a forma jurídica de Sociedades Anónimas, num novo sistema mais eficiente que vai contar com novas parcerias público-privadas. São tudo exemplos que demonstram a alta competitividade que este sector estratégico enfrenta, as oportunidades que cria, mas também os novos desafios que coloca a todos os profissionais do sector. Naturalmente, que as questões de foro ético, não podem ser esquecidas. O marketing tem de respeitar a verdade e o equilíbrio. Tem de fornecer, em termos científicos, uma informação completa, fidedigna, imparcial e factual. Mas isso, não impede que haja ou possa haver lugar à improvisação, à fantasia, à criatividade e à arte da comunicação. Estas são alguns pontos de vista que, estou certo e seguro, serão objecto de análise mais profunda, mais detalhada e sobretudo mais autorizada, no decurso dos trabalhos deste II Simpósio do Marketing Farmacêutico.

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