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A 20 de Fevereiro de 2005, a maioria mudava em Portugal, depois de uma enxurrada de promessas. O Partido Socialista vencia as eleições legislativas, com um resultado histórico. Pela primeira vez, na sua longa história de poder, o PS obteve a sua primeira maioria absoluta.
Um ano não é suficiente para, com justiça, se fazer um balanço da governação. Num ano não se corrigem os defeitos estruturais do país e a verificação dos resultados das medidas encetadas carecem, por vezes, de prolongados períodos de tempo.
Já não será injusto afirmar, porém, que ao fim de um ano de governação socialista, a economia está pior, as finanças públicas estão pior, os portugueses vivem pior.
A taxa de desemprego que em 2004 era de 6,7%, subiu em 2005 para 7,7%. O ano transacto terminou com um recorde de desempregados, mais de meio milhão. Destruíram-se 57 mil postos de trabalho e o desemprego atingiu o valor mais elevado dos últimos 20 anos. A promessa da criação de 150 mil novos empregos continua uma miragem.
O défice público que em 2004 se quedou nos 3,0% subiu para 6,0% em 2005. Para quem tanto ridicularizara o combate ao défice das contas públicas do anterior governo PSD-PP, este é um resultado desastroso. E convém não esquecer que, foi em nome desse mesmo combate, que o primeiro-ministro, José Sócrates, justificou o agravamento dos impostos e o não cumprimento de uma promessa eleitoral.
A este propósito refira-se, ainda, que a avaliação que a Comissão Europeia fez do Programa de Estabilidade e Crescimento apresentado pelo Governo Português, não é animador. Alarme pelo disparo da dívida pública, para mais de 72% do PIB em 2007, quando o limite é de 60%, reserva quanto às previsões de crescimento económico e preocupação com a qualidade da despesa pública programada em investimento. Em síntese, existem riscos sérios de incumprimento dos objectivos de saneamento das finanças públicas, com reflexo no défice público e na dívida pública.
Em 2004 o crescimento anual foi de 1,2% do PIB Real, em 2005 esse valor desce para 0,5%. Falhou em toda a linha a promessa de crescimento económico e retoma da convergência com a União Europeia.
Em 2005 os portugueses pagaram mais impostos. Em 2006 vão pagar mais ainda. Ao contrário do prometido, praticamente todos os impostos subiram. Assistiu-se a um dos maiores aumentos da carga fiscal na história do Portugal democrático: cinco mil milhões de euros.
As taxas de juro com referência à EURIBOR/3 meses, acompanhou em 2005, embora em termos menos expressivos, o cenário de agravamento verificado. Subiu uma décima. 2,1% em 2004 para 2,2% em 2005.
Em termos dos principais indicadores económicos a única nota positiva encontra-se na inflação. A média anual que em 2004 foi de 2,4 %, tinha no final do ano de 2005 caído uma décima, fixando-se nos 2,3 %.
Estes são dados estatísticos. São números objectivos e evidentes para qualquer português. Em 2004 não estávamos bem, em 2005 terminamos pior.
Artigo publicado no semanário “Opinião Pública”, edição de 3 de Março de 2006
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