Contas baseadas em dados da Comissão Europeia mostram que as remunerações das administrações públicas - Estado, autarquias regiões e Segurança Social - aumentaram, em termos reais (descontando a inflação), quase 150% entre 1978 e 2009. Desde que Portugal entrou na União Europeia (CEE, em 1985), o aumento real acumulado foi de quase 130%.
O historial da generosidade salarial foi especialmente pronunciado nos anos dos governos liderados por Aníbal Cavaco Silva (PSD), entre 1985 e 1994, em que se registou uma quase duplicação (mais 90%) dos gastos com funcionários públicos, e dos executivos de António Guterres (PS), entre 1995 e 2001, que levaram a um aumento acumulado real de outros 40%.
Na última década (1999 a 2009), a evolução real da massa salarial da função pública portuguesa foi das mais disciplinadas da Europa. Segundo contas do i, depois da explosão salarial, Portugal surge como um dos alunos mais bem comportados: o acréscimo acumulado foi de 17% entre 1999 e 2009, o terceiro mais baixo da Europa. Os mais poupados foram Áustria com 1,0%, Eslováquia com 0,4% e a Alemanha onde houve uma perda real de 8,3%.
A factura com despesas de pessoal na administração pública representou uma despesa de 22 mil milhões de euros em 2009, segundo os dados de Bruxelas. O total de salários pagos no sector privado deverá rondar os 64 mil milhões de euros. No entanto, as séries da Comissão mostram que a massa salarial do sector privado nunca perdeu poder de compra (desde 1996, pelo menos), ao passo que a função pública foi penalizada várias vezes e com maior magnitude nos anos da redução do défice: 2003 e de 2006 a 2008.
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