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sábado, abril 30, 2011

Sessão Solene do 37º Aniversário do 25 de Abril

A culpa não é do 25 de Abril

Trinta e sete anos decorridos sobre o 25 de Abril de 1974, Portugal encontra-se numa das maiores encruzilhadas da sua história moderna.

Por razões externas, mas essencialmente por factores nacionais e razões de natureza estritamente interna que não podem, nem devem ser disfarçadas, Portugal vive uma das suas piores crises. Uma das suas piores crises, económica e financeira, mas também uma indesmentível crise social e politica.

Manda a verdade que se diga que “antes da crise internacional já Portugal vivia em crise, já não convergia com a Europa, já se atrasava em relação aos seus parceiros europeus, já não criava riqueza suficiente para combater a exclusão social e para promover um desenvolvimento consistente e equilibrado da sociedade”.

Manda a verdade que se diga, que chegamos a 2011, com o pior crescimento económico médio desde a Primeira Guerra Mundial;

Com a taxa de desemprego mais elevada dos últimos 80 anos;
Com a maior dívida pública dos últimos 160 anos;
Com a maior dívida externa dos últimos 120 anos;
Com a segunda maior vaga de emigração dos últimos 160 anos;
Com a segunda maior fuga de cérebros de toda a OCDE;
Com a terceira pior taxa de abandono escolar de toda a OCDE;
Com a pior taxa de poupança dos últimos 50 anos.

Esta é a triste realidade do país. Uma realidade arrasadora que não vale a pena camuflar, não vale a pena disfarçar, negar e muito menos por ela responsabilizar a crise internacional.

São razões internas que destruíram muita da nossa riqueza, que conduziram à perda de milhares de postos de trabalho, que derrotaram a esperança dos empreendedores, que deixaram muitos portugueses sem perspectivas de futuro e com dívidas de todo inesperadas.

Muito por força desta crise, os portugueses estão cada vez mais saudosistas em relação ao passado, descontentes com o presente e pessimistas quanto ao futuro.

Segundo um estudo realizado pela Delloite e inserido no “Projecto Farol”, 46% dos portugueses considera, aliás, que as actuais condições económicas e sociais são piores que as vividas anteriormente ao 25 de Abril.

Segundo o mesmo estudo, a esmagadora maioria dos portugueses perdeu a confiança nas instituições e sente-se defraudada com os partidos políticos e com os políticos.

Infelizmente, não falta por isso, quem reclame um novo 25 de Abril, quem se arrependa de ter feito ou contribuído para o 25 de Abril, quem culpe o 25 de Abril.

Neste dia é assim natural que nos interroguemos como foi possível chegarmos a este ponto? Como foi possível chegarmos a uma degradação tão acentuada da nossa democracia? Quem são os responsáveis por este descalabro?

Mas, neste dia que deve ser de comemoração, de evocação e de reflexão, questionamo-nos sobre qual o caminho que devemos trilhar para enfrentar a actual situação e devolver a esperança aos portugueses é muito mais importante que saber quem devemos responsabilizar pelo estado a que chegamos.

Estamos absolutamente certos porém que a culpa não é do 25 de Abril, a culpa é ter prometido o 25 de Abril, mas …não ter cumprido o 25 de Abril.

Ainda vamos a tempo de honrar esse compromisso. Essa é, aliás, a nossa obrigação.

Pela nossa parte, acreditamos que Portugal pode superar definitivamente todas as suas fraquezas que o agarram à cauda dos rankings internacionais.

É importante realçar que os portugueses são um povo capaz dos maiores sacrifícios pela sua pátria.

Já o provaram em muitos momentos da sua história, mas em todos eles puderam vislumbrar o retorno desses sacrifícios, por isso confiaram e por essa mesma razão foram bem sucedidos.

Hoje tudo é diferente, os portugueses têm passado os últimos anos a fazer sacrifícios, mas não vislumbram o retorno económico e social dos sacrifícios realizados, por isso, há muito que deixaram de confiar.

Impõe-se assim ser absolutamente necessário devolver a confiança aos cidadãos no Estado, nas suas instituições e nos seus representantes, o que só é alcançável desde logo, se o país for Governado com Responsabilidade.

Governar com Responsabilidade é governar com transparência, é falar verdade aos portugueses e não lhes ocultar a realidade quase sempre com propósitos eleitorais.

Governar com Responsabilidade é não aceitar o faz-de-conta que por vezes impera em alguns sectores da área pública, mas também no sector privado.

Governar com Responsabilidade é não enjeitar, é não endossar as responsabilidades dos nossos erros para os outros.

Governar com Responsabilidade é não procurar o caminho mais fácil ou mais agradável para convencer os nossos concidadãos.

Governar com Responsabilidade implica respeitar as pessoas e a lealdade institucional.

Governar com Responsabilidade implica observar o dever de procurar os consensos necessários para reagir às grandes transformações que se vivem nas sociedades actuais.

Governar com Responsabilidade implica recusar modelos que colocam o país a viver acima das suas possibilidades.

Governar com Responsabilidade é não impor sistematicamente sacrifícios aos portugueses sem que primeiramente estes sejam sujeitos ao próprio Estado.

Governar com Responsabilidade implica diminuir o peso e a dimensão do Estado burocrático, ineficiente e asfixiante que possuímos.

Governar com Responsabilidade implica enfrentar com coragem a excessiva, errada e desresponsabilizante presença do Estado na sociedade portuguesa.

Governar com Responsabilidade implica concretizar soluções que assegurem aos cidadãos um nível de vida consentâneo com as suas necessidades mas, também, com as possibilidades do País.

Governar com Responsabilidade é apostar na melhoria da produtividade, no equilíbrio sustentado das contas públicas, no controlo do endividamento externo e da dívida pública como estratégia central do nosso desenvolvimento económico.

Governar com Responsabilidade é governar em função das gerações e nunca em função das eleições.

Se o fizermos, naturalmente com sacrifícios, seremos capazes de retomar o caminho que nos conduzirá à recuperação e ao sucesso, ao renascer do orgulho nacional e da confiança e esperança dos portugueses num futuro melhor.

Temos esse dever para com Abril

Viva o 25 de Abril,

Viva Portugal.

Intervenção proferida na sessão solene do 25 de Abril da Assembleia Municipal de Vila Nova de Famalicão em nome do Partido Social Democrata

quarta-feira, abril 20, 2011

Não está nada mal

O governo concedeu aos funcionários públicos, nesta quinta-feira, mais uma tolerância de ponto.

Não está nada mal, invocar a santidade da Páscoa para o efeito, porque este até é um governo que mandou retirar os crucifixos de todos os edifícios públicos.

Não está nada mal para um governo que não há muito tempo até queria eliminar feriados religiosos.

Não está nada mal, considerando que a tolerância ocorre na véspera de um feriado e a quatro dias de um outro feriado.

Não está nada mal, quando até ao final do ano, só teremos direito a gozar 8 feriados em dias de semana e apenas mais três pontes.

Não está nada mal para um país que só tem mais três feriados do que a média dos países europeus.

Não está nada mal para um país de rastos e sem dinheiro para daqui a pouco mais de um mês.

Não está nada mal para a economia de um país que perde 37 milhões de euros a cada paragem a uma segunda ou sexta-feira.

Não está nada mal para um país que tem a EU e o FMI “hospedados” no Terreiro do Paço.

Não está nada mal para um país que adia os pagamentos para, artificialmente, combater o seu défice.

Não está nada mal para um país que detém a terceira taxa mais baixa de produtividade entre os países da OCDE.

Não está nada mal …