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sexta-feira, março 12, 2010

Money for the Boys

"Isto é money for the boys" disse ontem Teixeira dos Santos no Parlamento, durante a discussão da proposta de mais €5 milhões para as Juntas de Freguesia.

Inicialmente, pensei que o ministro estava a viver um momento de desventura a que nenhum político escapa, tantas vezes justificado pelo calor da discussão. Um momento de grande, grande infelicidade.

O uso da língua de Shakespeare trouxe-me à memória o curso de Engenharia Civil de José Sócrates e a inquietante feitura da cadeira de Inglês Técnico, através de um trabalho feito em casa, entregue na Universidade Independente numa folha A4, que chegaria às mãos do reitor acompanhado de um cartão do então seu gabinete de secretário de Estado.

Parafrasear “No jobs for de boys” de António Guterres, fez-me depois recordar que esta é a promessa mais quimérica de um governante português, só encontrando paralelo na criação dos 150 mil novos postos de trabalho, prometidos por José Sócrates.

Só um momento de grande infelicidade poderia justificar que alguém usasse tão negativa expressão, integrando o governo recordista de nomeações politicas nos primeiros três meses de exercício e o mesmo que nomeou Rui Pedro Gonçalves para a administração da PT.

Errado. Teixeira dos Santos não foi infeliz. O insulto gratuito a milhares de presidentes de junta, homens e mulheres democraticamente eleitos pelo Povo, assume a mesma gravidade dos “gestos tauromáquicos” de Manuel Pinho no parlamento e que haveriam de ditar a sua saída do executivo. Impunha-se, no mínimo, que o Ministro das Finanças se retratasse.

Não aconteceu. Teixeira dos Santos estimulado pela impunidade que paira sobre a acção do governo, reforçada pela subida do PS nas intenções de voto dos portugueses, disse exactamente aquilo que pensa do patamar mais baixo do poder local: a eleição dos presidentes de junta de nada serve, salvo alimentar os aparelhos partidários, incluindo o do PS.

Quem diz o que pensa, mesmo pensando mal, muito mal no caso presente, mesmo faltando ao respeito a milhares de portugueses, mesmo revelando falta de sentido de Estado, não sendo justificado ou corrigido pelos “compagnon de route”, não tem obviamente de se desculpar. Era o que faltava.

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