As recentes eleições na Grécia puseram em evidência duas coisas muito simples. Portugal não é a Grécia, mas a esquerda lembra-nos a Grécia.
Portugal e Grécia são os dois expoentes da crise financeira que se alastra pela Europa e ambos objecto do mesmo modelo de ajustamento imposto pelo FMI, UE e BCE.
Não obstante essa coincidência, o Governo sempre sublinhou que não podíamos ser confundidos com a Grécia, uma realidade partilhada por múltiplas entidades internacionais e especialistas da área, como o Nobel da economia Paul Krugman. Nada demoveu a oposição, porém, de até à exaustão, nos colar à Grécia.
Os sucessivos dados estatísticos, esses confirmam a visão governativa. As exportações crescem em termos homólogos, crescem acima da média dos países europeus e superam as melhores previsões. Num caminho totalmente inverso ao da Grécia, a poupança evolui positivamente e acentua-se a tendência de descida dos juros da dívida soberana. O Estado reduz a sua despesa efectiva e o prazo médio de pagamento a fornecedores. Por cá as sucessivas avaliações da troika dão nota positiva.
A vitória da coligação de esquerda radical Syriza, nas eleições de 6 de Maio, teve o condão de despertar um olhar minucioso da comunicação social e, por força dele, ficou patente ao mundo que Portugal não é a Grécia. A receita da troika é a mesma, mas lá pouco ou nada se faz para cumprir. A Grécia sabe pedir emprestado, sabe prometer pagar, mas chegada a hora, não paga, vocifera que não pode pagar e responsabiliza os credores pelo estado de desgraça a que chegou.
Por cá a Esquerda “aparenta-se”. Por cá temos um PCP e um BE que chamam de “Pacto de Agressão” ao Memorando de Entendimento e um PS, PCP e BE que se solidarizam com uma Grécia que nada faz para mudar de vida. Por cá também temos um PS que diz que as dívidas não devem ser pagas e um mesmo PS que negoceia um acordo, mas cedo contesta os seus termos e condições. Por cá também temos um PS que diz devermos cumprir, mas que para isso precisamos de mais tempo … as semelhanças com os gregos são muitas como se vê.
Sexta Coluna, crónica do Jornal Cidade Hoje, edição de 31 de Maio de 2012.
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