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quinta-feira, março 11, 2010

Já nada me espanta


A deputada socialista Inês de Medeiros afirmou em entrevista à revista «Sábado», nas bancas a partir de hoje, não considerar «que seja muito grave» se Sócrates mentiu ao Parlamento sobre o negócio PT/TVI.

«Não sei se mentiu ou se não mentiu. Mas, se mentiu, nem acho que seja assim muito grave», disse, quando questionada sobre as declarações do Primeiro-Ministro que em Junho afirmou no Parlamento não saber do negócio da compra da TVI pela PT.

Não me espanto. Já nada me espanta na política, tantas e tão recorrentes são as demonstrações de falta de ética. As palavras proferidas por esta deputada, que se tem destacado mais pelas polémicas em que se envolveu do que pelo trabalho parlamentar, ainda me espantam menos.

Recordemos o episódio das viagens à Cidade Luz. Eleita pelo Circulo de Lisboa não hesitou em solicitar à Assembleia de República que fosse equiparada aos deputados eleitos pelo Circulo da Europa para efeitos de pagamento das suas viagens semanais de ida e volta a Paris, em classe executiva e ajudas de custo relativas aos 25 quilómetros de distância entre a sua casa e o aeroporto.

Para quem se apresentou falsamente ao eleitorado como residindo na freguesia de Santa Catarina, em Lisboa e recebe diariamente da assembleia da república 528€ de ajudas de custo, exactamente por ter residência oficial em Paris, percebe-se que só alguém com tão grande défice ético possa ousar pedir aos portugueses que pague as suas viagens semanais à capital do mundo francófono.

Os portugueses só esperam que a filha do Maestro António Victorino D'Almeida, envolvida nas noticias sobre alegados financiamentos da PT à campanha de Sócrates e colaboradora da revista 'Relance', projecto editorial do ex-administrador da Portugal Telecom Rui Pedro Soares e da sua mulher, não se lembre de mudar para Washington, Pretória, Tóquio ou Wellington.

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