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segunda-feira, abril 24, 2006

AZIMUTE - Desonestidades Públicas

. São desejáveis, em democracia, as denúncias públicas dos partidos políticos da oposição. Concretizam o especial dever de fiscalização da oposição, compelem o poder político a reflectir, e muitas vezes, a inflectir nas suas opções e ajudam à formação de uma opinião pública consciente e mesmo actuante, nos momentos mais importantes da vida colectiva. Mas uma coisa é a denúncia alicerçada em factos verdadeiros. Outra é a denúncia feita com recurso a inverdades, com dissimulações, com reserva mental, com auto-enganos intelectuais e políticos. Aqui a denúncia pública não passa de desonestidade pública. Vejam-se alguns exemplos extraídos das acusações avançadas pela candidatura do PS à Junta de Freguesia de Vila Nova de Famalicão. A falsa delação da impossibilidade de recurso ao correio electrónico na actual sede da junta de freguesia, que qualificaram de “desleixo puro e simples”. A critica feroz às inúmeras construções que estão a surgir na zona de Mões, falam até em mais 300 novos fogos, obriga a que se reponha a verdade dos factos e se diga que não são 300, mas sim 447, todos fruto das operações de loteamento aprovados no tempo em que o PS esteve no poder camarário. Denunciam a desordem urbanística que propaga naquela zona, o que não deixa de ser verdade, mas deviam ter acrescentado que depois das aprovações “ad hoc” do PS, pouco território ficou para planear. Podiam, ainda, ter aproveitado para denunciarem que o seu PS, no âmbito das referidas operações deveria ter exigido 25.320 m2 para áreas de cedência ao domínio público, destinadas a espaços verdes e equipamentos, mas só obrigou à cedência de 3.994 m2. Podiam, também, ter aproveitado para denunciarem que o seu PS, apesar de ainda hoje não estarem concluídas, recepcionou as obras de urbanização e cancelou todas as garantias da sua boa execução. Lamentam a não construção de uma passagem pedonal e uma outra rodoviária para atravessamento da via férrea, na zona de Santo Adrião. Deveriam ter dito que em 1998 o PS aprovou o projecto da requalificação da linha, despido de tais passagens, apesar dos apelos da Junta de Freguesia. Deveriam, de igual modo, salvaguardar que foi o novo executivo camarário que retomou este dossier, que contratualizou com a REFER uma participação financeira nos custos das mesmas, que aprovou a abertura do concurso público para a sua concepção e execução e que decorre um processo expropriativo dos terrenos necessários para o efeito. Insurgiram-se contra a não presença do vereador da educação numa acção de campanha, rotulando-a de manifesta falta de interesse em conhecer um projecto sócio-educativo, mas omitiram à comunicação social que o convite foi efectuado uma hora antes do fecho dos serviços camarários. Vir mais tarde a terreiro, afirmar que desconhecem a justificação do vereador, apresentada via fax, porque uma das sedes do PS não tem esse equipamento e na outra o mesmo está avariado, é a desculpa mais esfarrapada que podiam ter arranjado e está ao mesmo nível dos comportamentos anteriores. Artigo publicado no Semanário “Opinião Pública”, edição de 21 de Abril de 2006.

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